21.6.08

A Pedra

O distraído nela tropeçou,
o bruto a usou como projétil,
o empreendedor, usando-a construiu,
o campônio, cansado da lida.
Dela fez assento,
para os meninos foi brinquedo,
Drummond a poetizou,
Davi matou Golias...
Por fim;
o artista concebeu a mais bela escultura.
Em todos os casos,
a diferença não era a pedra
mas o homem.


Antonio Pereira

19.6.08

"É pena!
Que você pense
Que eu sou seu escravo
Dizendo que eu sou seu marido
E não posso partir
Como as pedras imóveis na praia
Eu fico ao teu lado, sem saber
Dos amores que a vida me trouxe
E eu não pude viver..."

Até as pedras têm sentimentos; têm medo. Nem toda pedra no caminho pode-se retirar. Diante disso, que as pedras possam sedimentar em seus ambientes o sumo de suas experiências; de suas vidas. Pedras, uní-vos!

Sê pedra!

"...Eu perdi o meu medo
O meu medo
O meu medo da chuva
Pois a chuva voltando prá terra
Trás coisas do ar
Aprendi o segredo
O segredo, o segredo da vida
Vendo as pedras
Que choram sozinhas
No mesmo lugar..."

Nem toda pedra no caminho pode-se retirar. Porém, estando no caminho, a pedra muda. A pedra fala. A pedra grita. A pedra transforma-se de novo. Tudo muda. Nada resiste ao tempo, à erosão dos fatos. Aqui, o Exército Brasileiro não só jogou uma pedra na cruz, como possui uma pedra em seu peito varonil. Lá, no Haiti, o Exército é flor que se cheire; que se ama. Tira leite de pedra para sustentar, ajudar a pátria adotiva. Lá nessa pátria, que pariu um novo Exército, as pedras dos caminhos fazem estradas para o progresso; aqui, ficam mudas esperando alguma providência; alguma voz faminta do morro. O exército daqui, menor, maculou-se com a lama da vergonha. Forças armadas do bem e do mal juntas; de braços dados; de mãos abertas acenando do navio. Estão indo ao Caribe. Boa viagem! Ame ou nos deixe!
Fazendo jus ao nome...

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

Carlos Drummond de Andrade
Seja pedra!Com pedras à mão, não se pode ficar parado. Nas últimas horas aqui no Rio de Janeiro, além da força burra e bruta do Exército, o movimento estudantil liderado pelos acadêmicos de medicina, os professores e os técnicos-administrativos irão em defesa da qualidade e do bom serviço dos Hospitais Universitários. Lugar onde se aprende e presta serviços à comunidade está doente, com pedras no sapato. Pedras de falta de recursos; pedras da falta da boa gerência; pedras de morosidade do serviço público; pedras nos olhos inocentes de quem entra; pedras nos sapatos de quem já anda no deserto da ética e do respeito. Na próxima quinta-feira, na Cinelândia - Centro do Rio de Janeiro - tais setores envolvidos farão sua parte, lembrando que existem pedras no caminho. Pedras que já deram solo fértil; pedras de construção. Não dá mais para esperar. Pedra neles!

Escrito por Wilen Norat
Está aí! O mais novo espaço para aqueles que vêem e não gostam; para aqueles que escutam e não querem ouvir mais; para aqueles que querem e não desistem nunca em mostrar ao mundo o que podem fazer para melhorá-lo. O Blog “aooopedra” é um legítimo espaço destinado àqueles que, de alguma forma, utilizam o seu aprendizado para a construção de um lugar melhor; de um ambiente psico-social mais agradável e convidativo. Seja por forma lúdica, seja pelo alto formalismo . A equipe privilegia o livre embate de idéias, com o máximo de respeito e de ética. Como em qualquer Era, a procura de informação é um longo e árduo caminho. E na rede mundial de computadores não é diferente; as vias são muitas. No entanto, eis que surge o “aooopedra”: A luz real. O conhecimento concreto. A ciência universal em meio à vida virtual que se leva em Orkut, em Orkut e afins. É nesse clima que se propõe, como uma pedra pesada, resistente e que afunda, a formação do eco mais novo de resistência contra tudo e todos. Não somos nada e de ninguém. Somos pedras. Por uma pedra que um gigante caiu...Por uma pedra que o solo fértil surge. Por uma pedra! “Aooopedra”!