15.5.09

O Eco de uma pedra

O que é Ciência?




(...)E quando, ao cabo do último milênio,
A humanidade vai pesar seu gênio
Encontra o mundo, que ela encheu, vazio!
Soneto O fim das coisas de Augusto dos Anjos.



Por que o céu é azul?

Por que o sol é quente?

É tão difícil conceituar Ciência quanto responder essas perguntas ao seu filho de tenra idade. Por livros e por meandros metodológicos, chegar à sua plenitude faz-nos cada vez mais parecidos com nossos descendentes mais próximos. Por livros, dispõe-se de tempo e de labor cognitivo, a fim de buscar e rebuscar uma resposta que poderia apresentar-se de maneira simples. Os ponteiros avançam, a fome invade quase imperceptível e os pensamentos voam em desencontros construtivos de uma idéia vazia. Como responder? Matéria atrai matéria e perguntas surgem espontaneamente sem cessar em ordem inversa à distância e direta pela vontade de ser, de continuar existindo.

Dividir para melhor compreender. Isso foi por muito tempo um posicionamento, estático e insuficiente, acerca do processo de aprendizado. Num ato-reflexo, de organizar formas e conteúdos, chegava-se ao desfecho, por muitas vezes, incompleto de sentido. Introdução, objetivo, métodos, resultados, discussão e conclusão podem hoje representar ainda o pensamento dominante, tentando pôr ordem na imprevisibilidade do próximo segundo. Assim, caminha a Ciência, em passos pequenos numa cidade de cegos e de surdos.

Seu filho pergunta o que não vê e você responde o que também não ouve. Simples como esses sujeitos indeterminados. Sujeitos de duas vozes: a que sai e que não entende; e a dentro, que não sai pela indiferença idiossincrática. Crescem adultos de vasta biblioteca; crescem crianças sem respostas.

Tudo que poderá servir de definição sobre o tema não irá satisfazer sua inteira acepção. Ciência vive. Ciência sente. Ciência sopra como a mais suave brisa no afã de querer sempre mais.