28.6.08

Pedras não falam.

Hoje, eu quero falar.
Choro.
O sujeito é oculto por vergonha
Somos pedras vendo outras pedras.
Paradas.
Ponto a ponto
e nada mais.

Seja qual for
um dia
vira
areia.

Cada vez só
pequena
e numerosa.

Podia ficar aqui sempre
mas pedras
dormem
paradas
transformando.

Hoje, eu quero falar.
mas pedras
não falam.

24.6.08

São tantas pedras...

Ainda pouco, foi mostrado, sob uma óptica bem próxima; porém menos densa, a realidade das emergências do estado do Rio de Janeiro no programa "Profissão repórter". Uma novela. Quadros de impacto sem a precisa reflexão sobre o que poderia ser feito, como ser feito. Não se sabe o que vale mais: a imagem ou as duras palavras sensatas? Baleados. Intoxicações. Acidentes. Horrores. Cenas nítidas e repetidas. Repetidas. Repetidas. Assim, como o uso de martelo. Foram 15 ou 20 minutos. Só aperitivo para a entrada principal da refeição de se alimentar com sustento. Uma pimenta de sangue. Sal a gosto de atropelamentos. E um fillet com molho depoimento vigotskiano de um auxiliar de enfermagem: construtivismo relativamente dinâmico. Conhecimento de causa sem razão; voz surda do morro.

Confesso que preferia um debate acadêmico. No entanto, a visão teledramatúrgica com heróis anônimos de jaleco branco mostram a face quase romântica da profissão. Por dinheiro? Nem tanto, a televisão tenta mostrar o voluntarismo ideológico de quem um dia ousou fazer o vestibular mais concorrido, para salvar segundo o altruísmo cristão. Ilusões por dez reais. Por vinte. Leva duas e pague uma. A vocação vendida. A medicina...por favor, sem rima.

Pedras no sapato incomodam a quem anda. Acorda, médicos! Acorda, medicina!

22.6.08

"água mole, pedra dura..." Ainda há pedras que pensam não sê-las. Sempre, que se precisa de algo para si, o caminho mais longo são as voltas da consciência. E a pedra teima a pensar. O pensamento vai e nem sempre, mais uma vez, volta. Roda, roda, roda... e continua a rodar. Conhecer-se é a estrada mais tortuosa a percorre, visto que nos entraves das necessidades pessoais, nas demandas alheias familiares, nas prioridades de segundo lugar, na fome sem vontade de comer; o que menos importa, na maioria das vezes, é o reflexo frente ao espelho. Que lua linda! Bom dia! E as pedras não param. As vozes que seriam mudas falam mais alto no momento de introspecção. Pedras sobre pedras. O retiro particular é a rota mais certa para o entendimento pleno. Visão de águia! Ter a vista sobre o prisma soberano, surdo para as pedras do caminho.
Bem, diante das barbaridades de nossa guarda nacional, a voz dos homens de branco, de colarinho branco, não só ecoou como determinou o que tinha que ser feito àqueles incumbidos da proteção máxima nacional. O revés dos calabouços. Festa com Herzog. Quando gritava, não se ouvia; quando emudeceu para sempre, incomoda. Morre um famoso anônimo; e não se deixa morrer um mártir. Dias atrás, uma juíza de direito do Supremo Tribunal Federal ordena a retirada do batalhão do exército, para a glória da Providência. Estado de direito versus Estado-Maior. Estado-Maior versus estado paralelo. Estado de direito versus milícias. Façam as apostas, pois está na hora das alianças. Que vença o melhor!