Acerca do marco inicial, do espanto de onde e como viemos, o zero tem o seu valor máximo. Ele é o nada, que resulta tudo. A ausência mais completa que um sentimento humano pode perceber. Do zero, uma pedra; do zero, mais zeros.
Para isso, para o zero e para todas as pedras, lanço uma homenagem à pedra angular de nossas vidas; à pedra sobre todas as pedras: à nossa mãe.
Do nada, do indefinido, do pingo que seja alguém, surge algo. Pedras no caminho? Mais caminho.
Pedra, caminho, pedra
O princípio não sei
complemento o ambíguo
quem, o quê, quando
Uma gota pode ser muito
tudo pode ser pouco
pedra, pingo, ponto
Um choro pode ser nada
rir pode ser muito
água, pingo, ponte
Uma palavra pode ser nunca
gestos podem ser sempre
fome, pingo, ponta
Um pai pode ser alguém
filhos podem ser ninguém
verdade, pingo, pinta
Mãe, mãe é para sempre toda
amor que não tem igual
amizade, pingo, ponte
Algo pode ser indefinido
sujeito pode ser indeterminado
um pingo pinta
quem?
19.8.09
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