25.7.08

“Se pensarmos que as pessoas buscam a felicidade ou esperam que em si mesmas recaia tanta alegria quanto se pode imaginar existir, haverá coisa mais brega e cafona? Hoje valorizamos a liberdade e a integridade da privacidade, mas, quase todos, em alguma instância da vida, já retomaram primitivos conceitos de” metades de laranjas “e” almas gêmeas “. O belo está em, acima de tudo, procurarmos em nós mesmos a felicidade e nisso consiste a maior cafonice moderna. O belo e o cafona andam de mãos dadas porque o que se torna belo passa pelos mais entregues momentos de cafonice. Ninguém aparece do nada com plaquinhas dizendo: 'Pessoa sem uso'. Todos usados e bem reciclados, seguimos o caminho da vida com desusos sem gasto ou com algum que faz de nós um pouco mais ou menos interessantes aos olhos dos pares e parceiros que buscamos. Difícil uma história e, principalmente, uma história de amor sem o brega da entrega, dos sussurros melosos e palavras encantadas. Já dizia o poeta que "Todas as cartas de amor são ridículas..." São... por isso são de amor. Nelas perdemos os escrúpulos e as eiras e beiras que nos mantêm seres de força aparente e que, de repente, se tornam meras partes do todo do amor. Esta última frase, o cafona em si? E há na entrega algo mais belo que deixar que seu coração seja por outro acompanhado? Se você acredita que houve muito uso do seu, não se perturbe. Há sempre alguém, como você, que não é zero quilômetro, mas está em bom estado de conservação. O belo pode ser o encontro. O cafona, a beleza dele." --

Ricardo Sant'Anna de Oliveira
Mestrando - Instituto de Bioquímica Médica Universidade Federal do Rio de Janeiro

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